quarta-feira, 27 de junho de 2012

Liderança - Paradigmas e Possibilidades


A velocidade hoje nos obriga a ignorar grande parte das ferramentas que nós temos e aprendemos. Muita gente quer dominar o saber, mas não quer aprender, porque toma tempo. Foi assim que o professor Sigmar Malvezzi começou a abordar os paradigmas e possibilidades de um líder. Liderança é um instituto milenar,  mas é um conceito recente, abordado pela primeira vez em 1904 e no mundo dos negócios a partir da década de 60.

O estudo da liderança se dá a partir das gangues e na década de 90 ganha status "de príncipe", ou seja, questão estratégica, muito por conta do processo de globalização.

Pensar tem uma velocidade muito inferior aos processos em que estamos envolvidos (e-mails, celular, por exemplo). Aí seria uma boa oportunidade para fazer uso das ferramentas de que dispomos. Liderança não é uma ferramenta portátil. Num determinado ambiente podemos ser líderes reconhecidos e em outros não. Há um processo de (re)construção constante, buscando sempre uma intervenção e uma forma de agendamento social.

Como muitas vezes não há tempo de construir a liderança, usa-se da autoridade. É mais fácil e também dá algum tipo de resultado, como defendido por Maquiavel, em "O Príncipe". Ali o ensinamento é sobre como mandar e não liderar. E são 3 os instrumentos de poder, capazes de influenciar o outro, alterando sua conduta, a partir de uma autoridade, reconhecida como tal pela posse e utilização legitimadas desses instrumentos:

  • Força física (poder coercitivo) - poder alienante. Independe da vontade do outro e não leva à liderança
  • Satisfação das necessidades (poder utilitário) - poder do gerente, da barganha. Também distanciado da liderança.
  • Valores e significados (poder referente ou normativo) - subjetividades que encaminham a liderança

Enfim, um conceito apregoado de liderança seria "Influência(uso eficaz do poder) exercida por algumas pessoas sobre outras para criar a sinergia requerida para ações conjuntas em busca de metas em comum, gerando competências coletivas". O que importa não são as características do líder e sim a forma como ele usa tais características, legitimado por demandas, valores e significados correspondidos.

Teríamos, então, 3 modelos de sinergia:
  • Coordenação - sinergia funcional, somente de "corpo", sem criatividade.
  • Co construção - não há a formação de grupo, mas sim atuações individuais com uso de ferramentas comuns.
  • Cooperação - é o que busca a liderança.

E o que seria "negócio" hoje? É uma ação coletiva, com uma montanha de processos, com sistemas diversos, que demandam uma sinergia entre equipes interdependentes. Hoje a gestão de negócios é um contínuo movimento de articulação, capacitação, avaliação, projeção, crescimento.

E a gestão se faz por modelos. Até final do século XX prevaleceu a engenharia burocrática. Hoje a fluidez das estruturas demanda racionalidade da qualidade pela ação afirmativa. Nada melhor e mais comum do que o que começou com as feministas, na década de 60.

Como explorar tempo, produtividade, inovação, criatividade, autonomia, sinergia e compromisso? Liderar é agenciar um conjunto de elementos, com equilíbrio entre custos e produtividade. No contexto atual, a influência das instituições totais (lei, avô, pai, igreja, por exemplo) vêm sendo substituída pelos agenciamentos sociais, com a dependência de lideranças, contratos psicológicos e identidades pressupostas.
Melhor prática é uma espécie de competência portátil. Sabedoria é saber olhar o que fizeram, saber customizar para o seu caso, sempre com um olhar no futuro. A fragmentação da produção e flutuações conjunturais facilitam a produção de racionalidades diversas que afetam o desempenho. Por isso é necessário cada vez mais agir com equidade, justiça, oferecer apoio (operacional, técnico, político e afetivo) e dar reconhecimento (material, simbólico e social).

Com a realidade do "Profissional nômade", há que se buscar o equilíbrio do individuo continuamente ameaçado e sua sobrevivência depende de ininterrupta revalidação. Tomar especial cuidado com a nossa própria identidade é crucial uma vez que as competências são continuamente reconstruídas, os contratos psicológicos ajustados e as trajetórias adaptadas.

Outra alteração substancial no modus operandi do mundo dos negócios vem sendo a desintegração do emprego, como o conhecemos desde do final do século XIX (conjunto de tarefas mais ou menos integradas). Um paralelo interessante pode ser feito com a família atual, em que não há os mesmos vínculos e referências de um passado recente.

Um indivíduo que não sabe ser autônomo, não tem criatividade e nem motivação, pode ser considerado um profissional de segunda categoria. Vínculos fracos com as instituições de hoje podem ser supridos por contratos psicológicos e por líderes.


Liderar exige aprender a construir e reconstruir narrativas. Muitas vezes sem discurso, apenas com o agir. Há casos em que participamos de 3 reuniões e temos que ser 3 pessoas diferentes.

Uma questão interessante abordada foi a do "brinquedo" - elemento fundamental na vida das pessoas. Há várias formas de "brincar", milhões de fontes de prazer. O prazer tem a função de integrar a pessoa em si. Nós somos seres que temos ciclos. Sem o prazer vamos nos desintegrando. Além disso, os brinquedos estão ligados aos nossos ideais de ego.

Referências cinematográficas utilizadas na aula - Filmes O Segredo de Santa Vitória, O Nome da Rosa, Nascido para Matar e Phone Booth.

Apresentação da aula AQUI (reprodução autorizada para esse blog pela FDC).

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Raízes do Brasil Atual


Significado de Brasilidade

Substantivo Feminino
Regionalismo: Brasil.
1 - caráter ou qualidade peculiar, individualizadora, do que ou de quem é brasileiro; brasileirismo, brasilianismo, brasilismo
2 - sentimento de afinidade ou de amor pelo Brasil; brasileirismo, brasilianismo, brasilismo

Esse foi o mote da aula do professor Francisco Carlos Teixeira: Brasilidade. Evocando a nossa identidade pelo território, a partir de um discurso nacionalista, buscando despertar ou reforçar no inconsciente coletivo o espírito cívico, patriótico. O que caracteriza o Brasil como Brasil? O que faz o Brasil ser brasileiro?

Dentre várias evocações de poesias, trechos literários, músicas (aqui vale um registro a parte, pela presença de músicos da Escola de Música da UFMG que nos brindaram com sua arte, tornando a aula bem mais leve e arrebatadora) e pinturas, o professor desvenda o espírito de brasilidade que impregnou o país na primeira metade do século passado.

Em pesquisa livre, cheguei ao trecho abaixo da revista  Papel e Tinta,  dirigida por Menotti del Picchia e Oswald de Andrade, que ilustra muito bem esse espírito:

"...uma rajada de energia conduziu o braço rural às zonas fecundas do sertão, já axadrezadas pelos trilhos das estradas de ferro e de rodagem; as cidades densas de uma população ávida de trabalho tornaram-se centros febricitantes de progresso e de riqueza. A brasilidade, identificada como estado natural de espírito, diz respeito à intuição de um sentimento nacional, visceralmente brasileiro."
Vale lembrar que entre 30 e 73 (primeiro choque do petróleo) o Brasil foi o país que mais cresceu . Éramos a China da época. Também foi um período marcado pela "Era Vargas". A malandragem carioca é a tradição se chocando com o moderno. A boemia se viu espremida pelo tempo industrial, mecânico. Sinais da modernidade. Dando um salto aos dias de hoje, há relógios em tudo. O que é uma jornada de trabalho? Em muitos casos ela acaba se fundindo com a vida de executivos.

Infelizmente, um peso da nossa história é o legado de desigualdades raciais. No país com maior população negra fora da África, era de se esperar uma maior participação desses nossos irmãos, mas estamos longe de chegar a essa realidade. Esse é o peso da história. O Brasil não criou um apartheid como na África do Sul e nem um regime de segregação como nos EUA, mas, mesmo assim, não houve a ascendência dos negros na sociedade (apesar de uma democracia sexual, boa convivência). Em grande parte pelas lacunas educacionais para negros e pobres. O Brasil estabeleceu primeiro o serviço militar obrigatório e depois a educação obrigatória, tal o descaso com a educação.

As igrejas evangélicas americanas se encarregaram de alfabetizar os negros americanos, pós guerra civil. No Brasil, a sociedade civil não preencheu a lacuna do estado. A igreja protestante norte americana nunca aceitou a escravidão. Também não achavam que ganhar dinheiro era um problema. O enriquecimento era um corolário da salvação.

Qual o sentido do Brasil? Uma empresa capitalista da Europa estabelecida nos trópicos, mas agrária, latifundiária e escravista. Ver Formação do Brasil Contemporâneo (Caio Prado Junior).


Em 1930 Getúlio Vargas começa um processo de uniformização, proibindo escolas em língua estrangeira. Tarsila do Amaral retrata as mãos e pés grandes do Brasil trabalhador. Na escravidão, pés e mãos grandes simbolizam o trabalho escravo, o que era muito negativo. Ver poesia de Cassiano Ricardo.

Estava em marcha um processo de valorização do Brasil perante outras nações. Idéia de Brasil emergente. Brasil era importante no jogo da segunda guerra mundial. "Brasil Pandeiro" de Assis Valente demonstra bem isso.

"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha, fui pedir à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pindurassaia, eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô, Iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros
que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente, noutras terras, outra gente,
num batuque de matar
Batucada, reuni vossos tambores, pastorinhas e cantores
expressões que não têm par
oh meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar." 

A república de Vargas puxa a integração e modernidade. É o fim da república velha. Há uma grande contribuição de Portinari - O poeta dos pincéis: Um Brasil autêntico. Portinari é o melhor retratista desse Brasil que está nascendo. Retrata pessoas, trabalhadores. Não é mais o ócio, a elite, o não trabalho. Trabalho vale, tem importância, confere dignidade. Também ilustra a denúncia de injustiças, retratando a seca, o trabalho infantil a indústria da seca.


Carcará é uma metáfora para a injustiça social. O show seria proibido por isso.



O golpe do estado novo, em 37, que duraria até 45, foi um duro golpe, dado pelo próprio Getúlio Vargas. Não há liberdade, nem federação. Todas as bandeiras, a não ser a nacional, são queimadas e proibidas. Em 45 ainda se procura adiar a crise do Brasil arcaico, mas a industrialização, a tecnologia e as massas trabalhadoras não permitem. O processo er, então, irrefreável.

A aula termina por aqui. Confesso que, mesmo gerando reflexões profundas, senti falta de uma evolução do raciocínio para tempos mais atuais, já que a "Brasilidade" está longe de ser uma identidade bem arraigada na nossa sociedade, mas não deixa de ser um processo em constante evolução. Também senti falta de um encaixe do tema com os negócios em si. Uma reflexão mais próxima atividade empresarial nesse contexto e também como a "brasilidade" pode ser explorada no dia a dia e na cultura empresarial.

Quem quiser acessar a apresentação completa da aula, pode fazê-lo clicando AQUI.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Longevidade empresarial:Preparando no presente a empresa para o futuro


O professor Carlos Lacerda inicia sua explanação procurando demonstrar que as empresas nascem para morrer. É natural que completem um ciclo. A chance de suas empresas estarem vivas daqui a 30 anos é muito pequena. Empresas, como árvores, não crescem para sempre (Drucker). Casos como da Coca-Cola, Renault e Faber Castell seriam exceções.



À partir daí essa aula passa a ter um caráter complementar à aula anterior, de Macroambiente, Cenários e Perspectivas.

Quais são as principais ameaças à longevidade das empresas? Esse brainstorm produziu uma série de respostas. Dentre fatores internos e externos foram citados:

  • Pressão de preço,
  • Pressão de custo,
  • Obsolescência dos produtos e canais,
  • Falta de visão,
  • Miopia do sucesso,
  • Pessoas (não reter ou não desenvolver talentos),
  • Erro na estratégia,
  • Má gestão em geral e financeira em especial,
  • Não profissionalização da empresa familiar (família transferida para o profissional),
  • Sucessão familiar,
  • Ciclos econômicas,
  • Mudanças de hábitos de consumo,
  • Risco país,
  • Mudanças de marcos regulatórios (vide acordos de comercialização, barreiras comerciais).

Para comprovar seu ponto de vista o professor invoca estudo realizado por ele com as "500 Maiores e Melhores"  da revista Exame no ano de 1973. Após 30 anos, 77% dessas empresas não "sobreviveram". Talvez a palavra "sobreviver" seja um tanto quanto alarmista, já que nessa condição estão fusões, aquisições e privatizações. 23% continuam no ranking. Das 77% restantes 36,5% foram compradas, 10,3% faliram, 9,9% foram privatizadas, 12,4% fecharam e 9% se fundiram.

No estudo, foram feitas as seguintes conclusões:

  • Em nenhuma empresa pesquisada o fator financeiro foi a causa de mortalidade, em algumas foi a causa mortis.
  • Algumas empresas, mesmo consideradas excelentes pela mídia, não sobreviveram.
  • Entre as empresas pesquisadas, mesmo empresas boas para se trabalhar não sobreviveram. 
  • As empresas longevas caracterizam-se pela inovação, seja de produtos, processos, tecnologias etc., mas algumas empresas que não sobreviveram também se mostraram inovadoras.
  • A longevidade está diretamente associada à capacidade de superar crises.

Há empresas cuja missão é ser vendidas, como internet, nanotecnologia, biotecnologia e aquisições para simplesmente "matar" o concorrente não são comuns.

É fundamental ter instrumentos para a análise de futuro, mesmo que seja para errar. Nos fatores mais próximos da empresa, ocorre mais proatividade. Nos componentes de cenário mais ampliados (marcos legais, por exemplo) as possibilidades são menores. O segredo da proatividade é a capacidade de pensamento à partir das mudanças.



Características dominantes nas empresas longevas:

- Processo de sucessão planejado
- crescimento sustentável - Crescer é imperativo para sobreviver (dimensões tamanho da empresa, receita e EBITDA)
- Antecipação do futuro - Educar a empresa para o futuro é o papel do CEO (Ozires Silva, então presidente da Embraer). Antecipar sinais fracos de mercado e tomar decisões ágeis.
Foram abordadas as "megatendências".

Vejam esse vídeo da Dow Química sobre suas megatendências, que norteiam seu planejamento estratégico.



Para fechar, ficam algumas perguntas:

  • Qual a estratégia de crescimento de sua empresa?
  • Como sua empresa lida com o tempo e se antecipa ao futuro?
  • Como sua empresa prepara a sucessão de seus principais líderes?
Para conhecer a apresentação completa da aula clique AQUI.

Macroambiente, Cenário e Perspectivas


O professor Antônio Correa de Lacerda, economista e articulista do Estadão e do Terra Magazine, já iniciou sua fala colocando que Informação não é conhecimento e sim um pré requisito para tal. Não adianta estar cheio de bons inputs, se não conseguirmos processá-los de alguma forma.

A abordagem perpassaria por vários números, indicadores, gráficos e comparativos, não sem antes fazer um breve esforço histórico sobre a economia internacional. Com isso, passamos por 1944 - Grande momento definidor da economia mundial. Metade da economia mundial está destruída e ocorre a Conferência de Bretton Woods. Cria-se o FMI e define-se o padrão dólar-ouro como referência mundial. Finca-se a supremacia norte americana financeira, político-militar, e tecnológica-inovativa. Inicia-se o período de "30 anos gloriosos" ou "anos dourados".

Já em 1971 o Presidente Nixon rompe unilateralmente com o acordo de Bretton Woods. Até então os signatários limitavam sua emissão de moeda ao ouro que tinham para lastrear. Nixon rompe com isso e passa a emitir moeda sem lastro. Aumenta enormemente a liquidez dos Estados Unidos.

Em 1974 e 1979 houve os dois choques de petróleo, quando o Brasil consumia 90% em petróleo importado. A inflação aumenta muito e os juros internacionais sobem de 6% para 21%. O Brasil já devia U$ 100 bi, contratados a juros flutuantes. O modelo e desenvolvimento até então vigente sofre um baque enorme. Iniciamos o período das "décadas perdidas".

Nas décadas de 90 a 2000 vivenciamos o auge da globalização e a emergência das crises. Também ocorre a expansão enorme dos fluxos de capitais, bem desproporcional em relação à atividade produtiva. Previdência privada e fundos de hedge pipocam mundo afora. Aumenta a volatilidade pela facilidade de mudança de mãos do capital, fruto de um mercado globalizado.

Finalizando esse processo, temos, em relação à esfera produtiva, novas tecnologias, um boom de investimentos e comércio internacional, mudanças no paradigma produtivo, fusões e aquisições centralizando o capital e aumento da competitividade como conseqüência disso tudo. Há uma deflação nos preços de produtos de consumo. Foi citado o exemplo de um notebook, que custava U$ 5,000 15 anos atrás e hoje pode sair por menos de um décimo disso.

Em relação aos ativos financeiros, nos últimos 30 anos, houve um total descolamento do PIB mundial. Em 2010 o PIB mundial era de cerca de U$ 62 trilhões. Os ativos financeiros eram de U$ 185 trilhões.

Empresas transacionais geram receitas de U$ 30 trilhões e são maiores que muitos países. Geram 80 milhões de empregos, 66% do comércio global, 12% do investimento e U$ 1 trilhão de investimento em P&D&I.

Para se proteger do dólar, que só é emitido por um país e representa 70% das reservas, o que alguns economistas chamam de privilégio exorbitante, países começam a acumular dólares, apesar da baixíssima remuneração. É caso da China, com U$ 3,3 trilhões, Japão com U$ 1,3 trilhão e Brasil, com U$ 373 bi. Alguns economistas apostam na supremacia do dólar mais pela falta de opções do mercado do que por mérito.

Outro ponto importante da análise diz respeito ao deslocamento de eixos dinâmicos da economia mundial. Países emergentes crescem mais do que os avançados desde meados dos anos 90.

Novo quadro da economia mundial pós crise - guerra cambial seguida de guerra comercial (protecionismo). Papéis enfraquecidos de organismos como o FMI, Banco Mundial, OMC e G20. Passamos por um longo período com taxas de juros baixas e até mesmo negativas (descontada a inflação). Multipolaridade econômica, com redução do peso dos EUA (são 22% da economia mundial e já foram 40%). Democracia, liberdade de expressão e sustentabilidade passam a ser valores econômicos cada vez mais fortes.

Por fim, vivenciamos a busca frenética dos países pela segurança energética, hídrica e alimentar.

Num segundo momento da explanação, o foco recai sobre o Brasil e logo os juros são invocados. Nossas taxa de juros reais estão em queda conseqüente, hoje fixadas em torno de 2,3%.

O crédito continua crescendo, mas com uma certa acomodação, dado o endividamento das pessoas. O crédito dobrou em relação a sua participação no PIB em 5 anos. Hoje 42% da renda líquida das famílias está comprometido com dívidas. Esse percentual pode ir a 50%, com um fôlego ainda da redução de juros, já que grande parte desse endividamento está  atrelado a juros altos. O crédito a investimento vêm sendo suprido pelo BNDES, com vários focos. A tendência de longo prazo é o encolhimento do BNDES com a ampliação dos bancos privados.

O déficit público no Brasil é baixo e vem diminuindo, assim como a dívida pública em relação ao PIB. O problema é a qualidade da carga tributária, que onera exportações, investimentos, etc. O custo Brasil está muito pesado.  Os principais desafios são o ambiente de negócios, infraestrutura, educação e inovação. Num futuro próximo eles devem ser atacados.

Em termos de ampliação de competitividade (produção por trabalhador), o Brasil, por incrível que pareça, está a frente de Austrália, Alemanha, Reino Unido. MAs atentemos  que essa análise é da evolução da competitividade e não da competitividade em si, quando estamos a anos luz de distância desses países. Tudo o que gera maior transformação é mais atrasado no Brasil, ao contrário da agricultura e extrativismo.

O consumo cresce bastante, mas a indústria não acompanha. Essa demanda é atendida por exportações. O coeficiente de importações cresce em todos os segmentos, com destaque para máquinas e equipamentos e fármacos/químicos. Do ponto de vista da inflação e da inovação é até bom, mas não é sustentável. Hoje a indústria está com 20% de capacidade ociosa. Isso adia muitos investimentos. Por outro lado, se há uma retomada forte, é pego no contrapé. O peso da indústria no PIB está diminuindo.

Os serviços crescem bastante e não tem concorrência externa. Serviços sobem de preço muito rápido em situações como a do Brasil, que tem muita gente entrando no mercado de consumo.

Hoje há superávit comercial de U$ 30 bi, mas na indústria de alta e média tecnologia há forte dependência externa. Também houve um incremento de investimento em relação ao PIB, de 16% para 19% (2% público e 17% privado) entre 2000 e 2012. Mas precisamos melhorar muito. Ir, no mínimo, a 23/25%. Existe uma tendência do investimento correr a frente do crescimento econômico, de acordo com sondagens do BNDES.

Segundo o professor, quais são os fatores determinantes para nosso crescimento entre 2013 e 2017?
  • Recuperação da economia internacional
  • Manutenção política econômica, com estímulo  de consumo, investimento e produção
  • Ascensão de novos consumidores
  • Investimentos em capacidade de produção e infraestrutura
  • Crescimento do volume de crédito, com juros menores.

E os desafios?

  • Ambiente de negócios
  • Infraestrutura
  • Educação
  • Inovação


Por fim, temos algumas vantagens internas muito relevantes para um país de dimensões continentais, como o bônus demográfico até 2030, tolerância religiosa e étnica, matriz energética renovável e uniformidade linguística.

Nossa grande tarefa como gestores é o exercício permanente de entender as tendências e cenários, reagir e se antecipar a elas. Minimizar riscos e se aproveitar de oportunidades. Ser ágil nas mudanças necessárias, se possível de forma antecipada.

Para acessar a apresentação completa clique AQUI

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Nosso futuro comum - decisões sustentáveis


Nossa primeira aula expositiva foi sobre sustentabilidade. O professor Cláudio Boechat abordou "Nosso futuro comum - decisões sustentáveis" instigando-nos a pensar sobre o tema, fazendo conexões com situações bastante diferentes. Como tomar decisões sustentáveis em um planejamento estratégico? Quais os desafios mais relevante do ponto de vista de um stakeholder?

Dividiu-se os atores envolvidos com o tema em líderes empresariais, consumidores, governos nacionais, ONU, ONG e trabalhadores e, à partir de uma pesquisa realizada com os participantes divididos em grupos que representavam cada uma dessas categorias, buscava as maiores divergências e convergências.

Com uma previsão de 9 bilhões de habitantes em 2050, como buscar conforto e inclusão, mas dentro dos limites do planeta? Há uma série de trabalhos internacionais (Agenda Rio+20, OCDE, KPMG, UNEP, WBCSD, The Economist, dentre outros) apontando caminhos convergentes para isso nas seguintes direções:

  • Mudanças climáticas;
  • Riqueza, economia e consumo;
  • Biodiversidade e declínio dos ecossistemas;
  • Energia;
  • Cidades e urbanização;
  • Água;
  • Comida;
  • Florestas e desmatamento;
  • Empregos e trabalhos verdes.

Está sendo trilhado um caminho até o momento, ainda insuficiente para fazer frente às grandes lacunas ambientais que o estrondoso desenvolvimento sócio econômico por que passa o mundo nos últimos 200 anos vêm deixando, quando saltamos de 1 bilhão para 6,5 bilhões de habitantes. Um dos trabalhos prevê que até o ano de 2020 teremos uma "adolescência" turbulenta, com muitas crises.

O consumo teve um enorme crescimento nos últimos 50 anos, registrando um aumento de 28% em relação aos US$ 23,9 trilhões gastos em 1996, e seis vezes mais do que os US$ 4,9 trilhões gastos em 1960. Lembremos que mais de 2 bilhões de habitantes ainda sobrevivem com menos de U$ 2 por dia. Com isso, com a evolução social básica desse grande contingente populacional, a tendência é a grande piora dos indicadores ambientais. Difícil dilema.

Vejam esse vídeo do professor Hans Rosling que aborda muito didaticamente as transformações no mundo nos últimos 200 anos e ressalta muitas das desigualdades ainda existentes que fream as iniciativas da sustentabilidade, no sentido "desambientalizado" da palavra.




Foi comentado que há um movimento para dar valor ao ativo ambiental. Trazer para dentro da economia essa quantificação. Quanto valeria uma determinada espécie, por exemplo? Assunto a ser mais aprofundado.

O quesito "Pegada ecológica", desenvolvido para mensurar o impacto ambiental de cidadãos, regiões e países, é absurdamente preocupante. Nenhum país é considerado de "baixa pegada". Todos tem alta pegada. Em termos de regiões, apenas a América Latina e a Europa "fora" da União Européia ainda têm biocapacidade, ou seja,ainda tem área suficiente para satisfazer as necessidades de consumo e assimilação dos resíduos dos seus habitantes, bem como repor os recursos naturais consumidos por eles. Mais informações sobre "Pegada Ecológica" podem ser obtidas AQUI.

Como orquestrar tecnologias, hábitos e políticas para a sustentabilidade?

O fator humano a ser desenvolvido: Percepção, emoção e ação. Cada interpretação da realidade te estimula uma forma de ação. O desafio é olhar de outras formas, para buscar outras soluções, com agilidade e pragmatismo, já que o terreno perdido é muito vasto.


Para conhecer a apresentação completa da aula, clique AQUI.

Mãos à obra - Skills, Tools & Competencies


Começaremos as atividades desse blog pelo programa "Skills, Tools & Competencies" ministrado por uma parceria entre a Fundação Dom Cabral e a Kellogg Business School, da Northwestern University. Ambas as escolas são top ten nos melhores rankings do mundo de escolas de formação de executivos. A Kellogg é sétima posição no ranking da Forbes, quarto lugar da BusinessWeek, quinto da US News e sétimo da Economist.

Já a FDC alcancou o oitavo lugar no ranking do Financial Times, onde a Kellogg é 23ª.

O STC é um programa internacional, com duração de quatro semanas, divididas no módulo Brasil e no módulo Estados Unidos. O foco do programa é o fortalecimento das competências de gestão e dos aspectos relativos à liderança dos executivos participantes. Para isso, privilegia o desenvolvimento do conhecimento, das habilidades e das ferramentas necessárias para a criação e a implementação de estratégias, sem deixar de levar em conta o contexto atual, com todos os desafios aí envolvidos. São abordados conceitos e ferramentas de gestão, sempre intercalados com experiências e casos empresariais dentro da perspectiva da gestão de negócios (áreas estratégicas – marketing, finanças, comportamento organizacional, tecnologia e liderança)

Compreensão do ambiente, visão integrada, ampliação de conhecimentos e ferramentas e habilidades para formular e implementar mudanças são alguns dos resultados esperados e que serão discutidos aqui ao longo dos meses de junho e julho, quando se desdobrará o programa.

A turma é composta de 51 executivos de média e alta direção, na maioria de grandes empresas. Fora desse perfil temos a diretora Elbe Brandão, do Sebrae/MG, uma colega de um instituto sem fins lucrativos focado em logística reversa e eu. São representantes de empresas dos mais variados ramos, como HSBC, Renault, Vale, Coca-Cola, Itaú-Unibanco, TV Globo, ArcelorMittal, dentre outros, em sua grande maioria homens e na faixa de 36 a 50 anos.

A troca de experiências e a vivência com esse grupo promete ser riquíssima. Aliás, vale ressaltar que essa minha incursão num ambiente como esse está galgada no "Programa de Lideranças de Alta Performance" desenvolvido pelo Sebrae Nacional, por meio da Universidade Corporativa, que, de forma inovadora, mescla num programa dessa natureza eventos de mercado e iniciativas internas de coach, produção técnica e troca de conhecimentos.

É nesse contexto que nasce esse blog, uma forma de reter o conhecimento e, ao mesmo tempo, disseminá-lo e até mesmo aprofundá-lo, a depender dos debates e interações que venham a se desenvolver em torno dele.

Os temas a serem discutidos serão (em inglês os módulos abordados na Kellogg):

• Brasilidade e Visão de Mundo

• Macroambiente, Cenários e Perspectivas

• Novos Insights e Outros Sinais

• O Nosso Futuro Comum: Decisões Sustentáveis

• Leading in the “Nanosecond Culture”


Gestão Estratégica

• Estratégia


• Designing the Learning Organization
• Strategic Alliances
• Strategic Management Foundations
• Leadership: Self-Reflection, Balance, Self-Confidence, Humility, and More
• The Leader’s Journey
• Leadership, Innovation and Collaboration
• Leadership and Team Building
• The Leader’s Journey
• Leadership, Innovation and Collaboration
• Leadership and Team Building

Processo de Gestão
• Finanças: Performance Corporativa, Valor da Empresa, Visão Gerencial e Gestão para Criação de Valor
• Advertising Evaluation and Insight
• Capital Budgeting & Introduction to Value Based Management
• Analysing and Managing Cash Flow
• Capital Budgeting & Introduction to Value Based Management
• Corporate Entrepreneurship
• Differentiation
• Entrepreneurship, Innovation & Our Role in the Universe
• Global Supply Chains and Dual Source
• Intellectual Capital Management
• Living the Brand
• Make a Local Brand Global
• Mergers and Acquisitions: Strategy
• Pricing Strategies and Tactics
• Principals of Global Marketing
• Risk Management
• The Market/Customer Focus Decision Journey