sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Desenvolvimento regional e organização do espaço: Uma analise do desenvolvimento local e regional através do processo de difusão de inovação_Cima, Amorim_Resumo




Elizabeth Giron Cima
Luci Suzana Bedin Amorim

INTRODUÇÃO.
Para Milton Santos (2003), difusão de inovações torna-se um processo decisivo para os países subdesenvolvidos. Nos Países industrializados este fenômeno ocorreu de maneira  organizada em todas as formas de modernização.
As inovações pressupõem a mudança, mas o problema, para o autor, é a mudança dirigida ou planejada, que, segundo E. Roger e F. Shoemaker (1971) apud Santos (2003), é provocada externamente pela introdução de novas ideias. Nesse sentido, o autor cita como exemplo a imitação do modelo dos países desenvolvidos por parte dos países do terceiro mundo como necessidade mais do que como uma escolha.
Definição de Difusão e Inovação
A mudança tecnológica vista como um processo envolvendo principalmente a inovação e a difusão de novos processos ou produtos cresceu significativamente durante os últimos anos.
Para os modelos tradicionais, a difusão é considerada como estando num nível de análise diferente do da inovação. Senso assim, compreende-se que os estudos de difusão inscritos dentro destes modelos não consideram o processo de inovação, mas começam a partir de um ponto em que a inovação já está em uso. Isto significa dizer que a mudança tecnológica é entendida por esses modelos como um processo envolvendo  primeiro a geração e a comercialização de grandes inovações, e, segundo, a aplicação mais ampla dessas inovações num processo gradual  definido como o de difusão (THIRTLE e RUTTAN,  1987).
Tais modelos, nas suas dimensões, supõem que a geração e a comercialização de inovações são negócios de países desenvolvidos, e que nenhum país pode inovar antes de alcançar os limites tecnológicos internacionais. Neste sentido, os países em desenvolvimento são vistos como sendo caracterizados pela ausência de inovação tecnológica (HERBERT-COPLEY, 1990; UNCTAD, 1996) e, portanto, envolvidos essencialmente na difusão internacional de nova tecnologia.
Nos modelos recentes , o processo de difusão de novas tecnologias é caracterizado não só pelo crescimento gradual de adoação destas pela população, mas também por seu caráter cumulativo. Neste sentido, a difusão é considerada interligada à inovação (ROGERS, 1983; THIRTLE e RUTTAN, 1987; BIGGS, 1990; BELL e PAVITT, 1992).


A difusão de inovações e o desenvolvimento econômico regional.  

A realização de um estudo teórico em economia Regional requer que se enfrente o desafio metódico relativo à definição do objeto em análise. A região pode ser pensada sob qualquer ângulo das diferenciações econômicas, sociais, culturais, políticas, geográficas, antropológicas e históricas. O conceito de região está presente nesses vários domínios da ciência. No entanto, é no aspecto geográfico que se encontram enraizadas a tradição conceitual de região no sentido mais amplo.
A pesquisa sobre a difusão espacial das inovações teve uma tendência fundamental empírica. De acordo com Santos (2003), os Suecos Hagerstrand (1952) e Goldlum (1951) desenvolveram dois tipos de modelos de processo de difusão: 1)  modelos indutivos, e 2) modelos probabilísticos.
Hirschmann (1961) introduziu na ciência econômica os primeiros estudos sobre difusão, e a define como efeitos de propagação da distribuição espacial do desenvolvimento econômico. Esses efeitos seriam decorrentes da interação espacial entre as regiões desenvolvidas e subdesenvolvidas.
Para Schumpeter (1982), economista precursor da teoria do desenvolvimento capitalista, o elemento central para a compreensão da dinâmica da evolução capitalista e é a inovação. Sua grande contribuição está na concepção da existência de ciclos econômicos, em que as depressões econômicas resultariam de pontos baixos desses ciclos, e o estimulo para um novo ciclo econômico partiria principalmente das inovações tecnológicas desenvolvidas por empresários empreendedores.
A rigor, essa capacidade de absorção depende de alguns fatores determinantes na região em face dos custos referentes à adoação do progresso técnico, como os elementos socioeconômicos e a mentalidade dos empresários em relação aos investimentos a serem realizados.
Para Santos (2003) o processo de desenvolvimento é histórico, e está associado ao momento histórico da região. Nesse sentido estão as idéias de Furtado (2001) sobre o desenvolvimento, cuja contribuição foi a de combinar uma concepção ampla de processo histórico do desenvolvimento com suas implicações sociopolíticas. Para ele, o desenvolvimento econômico significa mais do que o simples crescimento da economia ou acumulação de capital, porque, alem de representar o incremento da capacidade produtiva, implica também a irradiação do progresso para o grosso da sociedade, no sentido de homogeneizá-la. E afirma que a única alternativa para a modernização é o desenvolvimento.
A difusão de inovação é a própria essência da modernização e do desenvolvimento dos sistemas sociais.
Boisier, citado por Coraggio (1985), entende que a estrutura social do sistema deve conectar-se em maior  medida aos valores modernos que aos valores tradicionais. A estrutura social deve ser favorável à mudança. Necessariamente, o processo de modernização e mudança de uma sociedade em desenvolvimento está conectado mais intensamente às variáveis políticas que as variáveis econômicas ou técnicas.

A problemática da organização do espaço e do desenvolvimento regional.

A análise regional, alguns anos atrás, desenvolveu-se  em duas vertentes principais: A Teoria da localização e as teorias do crescimento/desenvolvimento regional. A primeira segue a teoria da produção dentro da abordagem microeconômica, a segunda teve como base a tradição Keynesiana.

A teoria da localização evoluiu a partir de varias teses.

   A base das análises desses autores está em considerar a importância fundamental dos custos de transporte para determinação da localização ótima da firma.
 As teorias de crescimento/desenvolvimento regional fundamentam-se na tradição de Keynesiana. A região passa a existir para o resto do mundo a partir do momento em que comercializa seus produtos alem de suas fronteiras. O seu crescimento/desenvolvimento será em decorrência do dinamismo dessa base de exportação e da difusão desse dinamismo para o resto da economia regional.
As políticas públicas de desenvolvimento regional sofreram grande influência dessas teorias a partir da década de 1950, buscando a adequação à realidade por meio de estudos analíticos.

Teorias da localização

No período de 1960 e 1970, acreditou-se que a solução para problemas econômicos e sociais dos países em desenvolvimento seria o fortalecimento de um ou mais polos de crescimento. Para Andrade (1987), Perroux esclarece que o pólo e o centro dinâmico de uma região ou de um país  e que seu crescimento se expande para a região de seu entorno. Sendo assim, o desenvolvimento regional estará sempre ligado ao seu pólo.
A teoria mais intensamente estudada referente ao crescimento urbano, segundo Richardson (1975), é a teoria dos lugares centrais. Conforme a teoria, o crescimento da cidade depende de sua especialização, em que a principal função  d cidade é atuar como centro de serviços para o interior imediatamente próximo a ela.
A Teoria dos Lugares Centrais.
A teoria dos lugares centrais apresentada pelo geógrafo alemão Walter Christaller, na década de 1930, é de conteúdo econômico e a mais difundida sobre o crescimento urbano. Conforme a teoria, o crescimento da cidade está relacionado a sua especialização em vários tipos de serviço urbanos, e o nível de demanda de serviços urbanos sobre a área atendida é que determina o ritmo do crescimento dos lugares centrais. É uma teoria geral, pois não somente explica o crescimento interno de uma cidade individualizada mas também a distribuição espacial dos centros urbanos na economia regional e  nacional.
A principal função da cidade é atuar como centro de serviços à região de proximidade ou região complementar, distribuindo inúmeros bens de serviços ao seu entorno.
Christaller trabalha dois  conceitos – chave que determinam por que certos bens e serviços só o centro oferece e os fatores que afetam as dimensões do lugar central, que são o limite crítico de demanda de alcance do bem ou serviço. O conceito de limite crítico expressa o nível mínimo de demanda que asseguraria a produção de um determinado bem ou serviço e a partir do qual se passa a ter rendimentos crescentes. O alcance  de um bem ou serviço depende de vários fatores, mas a distância econômica é seu determinante principal, ou seja,  é a maior distância que a população  dispersa se dispõe a percorrer para adquirir um bem ou utilizar um serviço (RICHARDSON, 1975).
O Conceito de Pólo de Desenvolvimento  e Pólo de Crescimento
Perroux, em sua concepção original, conceitua pólo de desenvolvimento como uma agregação de indústrias propulsoras, geradoras de efeitos de difusão (com influência direta no aumento de emprego) em uma região maior. E afirma que o crescimento não se difunde de maneira uniforme entre os setores de uma economia, mas que se concentra em certos setores, com efeito, em indústrias de crescimento particulares. Estas indústrias tendem a formar aglomerações e a dominar outras indústrias que se conectam a elas, gerando efeitos de difusão em outras indústrias, elevando assim, o produto, aumentando o emprego e a tecnologia, e se chamam indústrias motrizes; o pólo de desenvolvimento é o agrupamento dessas indústrias propulsoras (HIGGINS, 1985).
Dessa forma, é necessário haver pelo menos um pólo de desenvolvimento ou uma região propulsora  em cada sistema, para que haja crescimento econômico neste sistema.
Análise e discussão dos resultados

O grande desafio das teorias do desenvolvimento regional é viabilizar a transmissão dos impulsos econômicos originados nas regiões centrais para as periféricas ou mais pobres.  As estratégias nacionais de desenvolvimento  regional para toda a America Latina nas décadas de 1950 e 1960 tiveram como base a teoria dos pólos de crescimento.
Já no final da década de 1960, a maioria dessas estratégias sofriam críticas severas por ser unilateral em seu planejamento das soluções propostas e por deixar quase que completamente de lado os problemas sociais inerentes ao planejamento regional.
Entretanto, o pensamento que prevalecia na adoação das estratégias de desenvolvimento regional com base na teoria dos pólos de crescimento levava m em conta a industrialização e a urbanização como principais fatores de crescimento econômico. Acreditava-se qua a aceleração desse crescimento fosse responsável pela solução de todos os problemas sociais econômicos.
Aydalot (1985) argumenta que certas forças convergentes que aparecem no campo da técnica e na organização têm determinado as estruturas espaciais caracterizadas pela teoria dos pólos de crescimento. No entanto, um pequeno numero de grandes empresas domina um grande numero de pequenas empresas; este reagrupamento acontece devido ao fornecimento de matéria-prima, mão- de- obra qualificada  e infra-estrutura.
Nesse sentido, o autor justifica que grandes empresas são capazes de salvar uma região mediante a abertura de uma planta industrial, aumentando, consequentemente, os níveis de emprego, renda per capita, gerando bem-estar à população, aumentando divisas, enfim, contribuindo para o desenvolvimento sustentado da região.
A importância da teoria dos lugares centrais prioriza a cidade como um meio difusor de inovação compreendido como resultado de forças econômicas, sociais e culturais que determinam a vida humana numa sociedade complexa, avançada e urbanizada.
O crescimento econômico manifesta-se na cidade-região pela expansão dos limites da cidade central e pelo aparecimento dos centros especializados. 
           

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