Significado de Brasilidade
Substantivo Feminino
Regionalismo: Brasil.
1 - caráter ou qualidade
peculiar, individualizadora, do que ou de quem é brasileiro; brasileirismo,
brasilianismo, brasilismo
2 - sentimento de afinidade ou de amor pelo Brasil; brasileirismo,
brasilianismo, brasilismo
Esse foi o mote da aula do
professor Francisco Carlos Teixeira: Brasilidade. Evocando a nossa identidade
pelo território, a partir de um discurso nacionalista, buscando despertar ou
reforçar no inconsciente coletivo o espírito cívico, patriótico. O que
caracteriza o Brasil como Brasil? O que faz o Brasil ser brasileiro?
Dentre várias evocações de
poesias, trechos literários, músicas (aqui vale um registro a parte, pela
presença de músicos da Escola de Música da UFMG que nos brindaram com sua arte,
tornando a aula bem mais leve e arrebatadora) e pinturas, o professor desvenda
o espírito de brasilidade que impregnou o país na primeira metade do século
passado.
Em pesquisa livre, cheguei ao
trecho abaixo da revista Papel e
Tinta, dirigida por Menotti del Picchia
e Oswald de Andrade, que ilustra muito bem esse espírito:
"...uma rajada de energia conduziu o braço rural às zonas fecundas
do sertão, já axadrezadas pelos trilhos das estradas de ferro e de rodagem; as
cidades densas de uma população ávida de trabalho tornaram-se centros
febricitantes de progresso e de riqueza. A brasilidade, identificada como
estado natural de espírito, diz respeito à intuição de um sentimento nacional,
visceralmente brasileiro."
Vale lembrar que entre 30 e 73
(primeiro choque do petróleo) o Brasil foi o país que mais cresceu . Éramos a
China da época. Também foi um período marcado pela "Era Vargas". A
malandragem carioca é a tradição se chocando com o moderno. A boemia se viu
espremida pelo tempo industrial, mecânico. Sinais da modernidade. Dando um
salto aos dias de hoje, há relógios em tudo. O que é uma jornada de trabalho? Em
muitos casos ela acaba se fundindo com a vida de executivos.
Infelizmente, um peso da nossa
história é o legado de desigualdades raciais. No país com maior população negra
fora da África, era de se esperar uma maior participação desses nossos irmãos,
mas estamos longe de chegar a essa realidade. Esse é o peso da história. O Brasil
não criou um apartheid como na África do Sul e nem um regime de segregação como
nos EUA, mas, mesmo assim, não houve a ascendência dos negros na sociedade (apesar
de uma democracia sexual, boa convivência). Em grande parte pelas lacunas
educacionais para negros e pobres. O Brasil estabeleceu primeiro o serviço
militar obrigatório e depois a educação obrigatória, tal o descaso com a
educação.
As igrejas evangélicas americanas
se encarregaram de alfabetizar os negros americanos, pós guerra civil. No
Brasil, a sociedade civil não preencheu a lacuna do estado. A igreja
protestante norte americana nunca aceitou a escravidão. Também não achavam que ganhar
dinheiro era um problema. O enriquecimento era um corolário da salvação.
Qual o sentido do Brasil? Uma
empresa capitalista da Europa estabelecida nos trópicos, mas agrária,
latifundiária e escravista. Ver Formação do Brasil Contemporâneo (Caio Prado
Junior).
Em 1930 Getúlio Vargas começa um
processo de uniformização, proibindo escolas em língua estrangeira. Tarsila do
Amaral retrata as mãos e pés grandes do Brasil trabalhador. Na escravidão, pés
e mãos grandes simbolizam o trabalho escravo, o que era muito negativo. Ver
poesia de Cassiano Ricardo.
Estava em marcha um processo de valorização
do Brasil perante outras nações. Idéia de Brasil emergente. Brasil era
importante no jogo da segunda guerra mundial. "Brasil Pandeiro" de
Assis Valente demonstra bem isso.
"Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor
Eu fui à Penha, fui pedir à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pindurassaia, eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô, Iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros
que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente, noutras terras, outra gente,
num batuque de matar
Batucada, reuni vossos tambores, pastorinhas e cantores
expressões que não têm par
oh meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar."
Eu fui à Penha, fui pedir à padroeira para me ajudar
Salve o Morro do Vintém, Pindurassaia, eu quero ver
Eu quero ver o Tio Sam tocar pandeiro para o mundo sambar
O Tio Sam está querendo conhecer a nossa batucada
Anda dizendo que o molho da baiana melhorou seu prato
Vai entrar no cuzcuz, acarajé e abará
Na Casa Branca já dançou a batucada de Ioiô, Iaiá
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros
que nós queremos sambar
Há quem sambe diferente, noutras terras, outra gente,
num batuque de matar
Batucada, reuni vossos tambores, pastorinhas e cantores
expressões que não têm par
oh meu Brasil
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar
Brasil, esquentai vossos pandeiros, iluminai os terreiros,
que nós queremos sambar."
A república de Vargas puxa a integração
e modernidade. É o fim da república velha. Há uma grande contribuição de Portinari
- O poeta dos pincéis: Um Brasil autêntico. Portinari é o melhor retratista
desse Brasil que está nascendo. Retrata pessoas, trabalhadores. Não é mais o
ócio, a elite, o não trabalho. Trabalho vale, tem importância, confere
dignidade. Também ilustra a denúncia de injustiças, retratando a seca, o
trabalho infantil a indústria da seca.
Carcará é uma metáfora para a
injustiça social. O show seria proibido por isso.
O golpe do estado novo, em 37,
que duraria até 45, foi um duro golpe, dado pelo próprio Getúlio Vargas. Não há
liberdade, nem federação. Todas as bandeiras, a não ser a nacional, são
queimadas e proibidas. Em 45 ainda se procura adiar a crise do Brasil arcaico,
mas a industrialização, a tecnologia e as massas trabalhadoras não permitem. O
processo er, então, irrefreável.
A aula termina por aqui. Confesso
que, mesmo gerando reflexões profundas, senti falta de uma evolução do raciocínio para tempos mais atuais, já que a
"Brasilidade" está longe de ser uma identidade bem arraigada na nossa
sociedade, mas não deixa de ser um processo em constante evolução. Também senti
falta de um encaixe do tema com os negócios em si. Uma reflexão mais próxima
atividade empresarial nesse contexto e também como a "brasilidade"
pode ser explorada no dia a dia e na cultura empresarial.
Quem quiser acessar a apresentação completa da aula, pode fazê-lo clicando AQUI.
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