Texto do mestrado em Visão Territorial do Desenvolvimento Sustentável
Introdução:
A complexa dinâmica do desenvolvimento é reconhecida
amplamente, como um processo, e que demanda
vários tipos de transformações. Isso acontece porque a sociedade, ao evoluir
continuamente, se vê constantemente no enfrentamento de novos problemas e
conflitos, novos recursos e novas expectativas sociais e, portanto, novos
desafios políticos (Utria, 2002).
A teoria do desenvolvimento endógeno, diferentemente dos
modelos neoclássicos, argumenta que cada fator e o conjunto dos fatores
determinantes do acúmulo de capital criam um ambiente em que os processos de
transformação e desenvolvimento das economias tomam form. Argumenta ainda que a
política de desenvolvimento local permite alcançar de forma eficiente a
resposta local aos desafios da globalização, o que torna a teoria do
desenvolvimento endógeno uma interpretação para a ação (Vásquez, 2000).
A evolução
organizacional como elemento determinante das relações intersetoriais:
Atualmente, a importância das organizações reside na
satisfação das necessidades de um coletivo, representando um maior esforço por
conhecer essas necessidades e poder adaptar seus processos e recursos para fornecer
uma resposta precisa às demandas. A formação de alianças responde a esse
desafio.
A tendência das organizações reconhecerem a situação de
dependência de outras, para alcançar competitividade, demanda a evolução das
mesmas. Esta evolução se traduz na implantação de mecanismos de cooperação
entre elas, representando mudanças nas estratégias organizacionais.
A concorrência global exige respostas rápidas e bem
sucedidas, de modo que a relação entre duas organizações se torna insuficiente
para responder aos novos e constantes desafios impostos.
A essência da evolução das organizações baseia-se na
capacidade de descobrir novas e melhores adaptações cooperativas entre seus
membros, o que quer dizer que se estabelece uma relação em que as partes envolvidas
conseguem benefícios para refinar seus processos, obter lucros, fornecer
respostas ao ambiente e continuar evoluindo.
A evolução das organizações baseia-se na evolução da
cooperação como estratégia de crescimento e de fortalecimento organizacional,
transcendendo sua adaptação ao meio ambiente, o que quer dizer que abrange a
conformação de novas estruturas de relação baseadas em mecanismos que favorecem
a organização, seu ambiente e as organizações pertencentes ao mesmo campo.
Nesse sentido, o surgimento de novas estruturas de relação
exige a participação de indivíduos com poder suficiente para estimular outros
membros a participar de processos de cooperação dentro do território.
A produtividade do gerente em uma organização evolutiva está
determinada por sua capacidade de fazer com que os membros que comanda pensem e
ajam evolutivamente. Aí reside a evolução da organização.
Intersetorialidade
para o desenvolvimento endógeno:
As alianças entre redes de organizações para acessar os
recursos constituem a origem de novas formas de organização: “as relações intersetoriais”,
conceituadas como:
A reciprocidade
multidirecional entre setores totalmente conformados por meio da estrutura de
redes, regida por normas específicas, se propõem a implementar mecanismos de
cooperação e de concorrência para fornecer bens e serviços adaptados às
necessidades da sociedade (Vega, 2003).
Surge, então, a necessidade de revisar a relevância e o
alcance da relação entre a universidade e a empresa em termos de relação
inter-organizacional, visto que as exigências feitas sugerem a existência de
estruturas fortalecidas que tragam ao país uma plataforma de tal força que
provenha de setores totalmente homogeneizados e complementados na produção
científica, de bens e serviços, que propiciam o desenvolvimento local endógeno.
Este setor se constituiria no suporte de um espaço produtivo
com respostas bem sucedidas a inovações que vem surgindo no âmbito mundial e é
ameaçado pela obsolescência dos países que não se preparam para se fortalecer e
evitar que isso os faça desaparecer.
A inovação necessária para a realização do desenvolvimento
local surgiria, em boa parte, da interação racional do setor empresarial com o
setor universitário.
Atualmente, tem-se redefinido o conceito de território, isso
pressupõe uma reorganização das forças que convergem, ressaltando a conformação
de redes; no território são consideradas as áreas de construção de recursos. A
competitividade territorial envolve os recursos do território buscando
encontrar a coerência global; o envolvimento dos agentes e instituições, a
cooperação de outros territórios e a articulação com as políticas regionais,
nacionais e com contexto global (Observatório europeu, 2001).
Por sua vez, as redes territoriais devem apresentar certas
características, sendo o intercâmbio de informação e conhecimento os elementos
centrais. Assim Ibarra (1992), diz que existem três propriedades que definem a
estrutura das redes e que estão relacionadas com a flexibilidade e facilidade de
informação: a densidade, a conectividade e a hierarquia.
A densidade es el
radio de vínculos reais e potenciais entre os atores da rede, a conectividade é o raio de vínculos simultâneos
em que os membros de uma rede estão através de nós, direta ou indiretamente. A hierarquia descreve os padrões de
estratificação ou desigualdade no grau em que estão envolvidos os atores das
relações.
As redes devem apresentar uma organização horizontal, ou
seja, não deve existir uma hierarquia, o que evita a burocracia. Supõe-se que
este território inovador que forma parte da rede deve estar permeado de regras,
valores, normas e comportamentos em consonância com a cultura da cooperação.
As redes territoriais intersetoriais requerem estratégias
para fazer a articulação necessária entre os setores sócio-produtivos, que
compõem a observação de certas condições no ambiente territorial e, mais
especificamente a nível intermediário, assegurando uma dinâmica dirigida a
atingir os objetivos sócio econômicos no território nacional. Estes mecanismos
respondem a políticas definidas em âmbito intermediário e são implementados mediante
o trabalho conjunto de entidades de nível micro dentro dos setores ou entre
setores, e em permanente interação com o nível intermediário.
Nas esferas micro e meso, a disposição de redes
organizacionais com intenção de gerar inovações dirigidas a atender situações
coletivas são medidas por indicadores que as caracterizam e que delineiam sua
pertinência social:
·
Tem
elementos para contribuir com o desenvolvimento da região;
·
Refletir
o interesse das comunidades;
·
As
organizações são interdependentes entre si;
·
As
organizações tem relações nacionais e internacionais, a nível micro,
intermediário, macro e meta;
·
As
redes promovem a conservação do meio ambiente;
·
Os
participantes da rede de inovação preparam suas comunidades para participar dos
processos de inovação para obter o desenvolvimento sustentável da região;
·
Os
produtos e serviços que oferecem estão baseados na inovação tecnológica.
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