quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Bases teóricas do desenvolvimento territorial


A análise de um território é muito mais complexo que equações matemáticas. O comportamento humano está muito além da lógica racional. A visão territorial nos permite criar modelos mais sustentáveis de desenvolvimento e necessita de:

-  referências,
- tempo,
- vontades endógenas e exógenas,
- análises técnicas e
- muito trabalho.

Essa visão territorial não invalida a necessidade de dar uma resposta urgente para problemas relativos ao dinamismo econômico, emprego e renda, pobreza extrema, desastres naturais, dentre outros.

Por último, a visão territorial aposta no empoderamento da sociedade local pela educação e democracia participativa. Deve-se fugir de compreensões setoriais ou fragmentadas, sem uma estratégia territorial.

O que é desenvolvimento local?

O primeiro conceito tem a base econômica, marcada pelo crescimento e geração de emprego e riqueza. Depois se amplia, para aspectos, sociais, culturais, políticos e ambientais.

Em linhas gerais, o desenvolvimento local depende das características (fator estático) e circunstâncias (fator dinâmico) do território e dos interesses da sociedade local. O conceito é dinâmico, muda com o tempo, com o espaço (geograficamente, uma pessoa do nordeste do Brasil pode pensar diferente de uma pessoa do sul), se torna cada vez mais sistêmica.

Novos objetivos (Haughton e Counsell, 2004):
  • Redução das desigualdades sociais
  • Promoção da sustentabilidade ambiental
  • Impulso da participação cidadã e da coordenação institucional
  • Reconhecimento da diversidade cultural como desafio e recurso


Duplo enfoque:
  • uma noção mais ampla da qualidade de vida, a coesão social e o bem-estar
  • Manutenção do interesse pela competitividade econômica e o crescimento



Onde  se produz o desenvolvimento local?

A Geografia importa (Massey e Allen, 1984). O território é um fator causal nos processos de desenvolvimento econômico, social, ambiental, cultural e político.

O território é uma unidade espacial delimitada sob a jurisdição de uma autoridade administrativa ou política e não é uma entidade estática no espaço ou no tempo: são construções econômicas, sociais, políticas, ambientais e culturais que mudam. São as “culturas” e princípios de um território que definem como diferentes grupos sociais ou econômicos definem, interpretam e articulam o desenvolvimento local.

Os indicadores podem ser quantitativos e qualitativos.

Empregos, empresas, PIB, investimentos, dentre outros são exemplos de indicadores quantitativos.

Natureza e características do processo de desenvolvimento (sustentabilidade do modelo de crescimento, tipo e qualidade do emprego criado, adequação e viabilidade dos investimentos, etc..) são indicadores qualitativos, elementos mais subjetivos que entroncam com princípios e valores específicos de desenvolvimento local.

O desenvolvimento “de excelência” depende cada território, mas:

  • Gerador de melhorias duradouras no emprego e na qualidade de vida
  • Reduz a pobreza
  • Promove uma maior equidade e igualdade de oportunidades
  • Respeita a liberdade das pessoas
  • Protege o meio ambiente
  • É sustentável

…. em consequência, implica não só boas políticas econômicas senão também um amplo conjunto de atuações sociais.

Concluindo...

Entender o enfoque local do desenvolvimento requer entender sua natureza:

O que é?:

  • Do enfoque centrado na economia a um enfoque mais integrado
  • Variabilidade no tempo, no espaço e no espaço-tempo
  • Variabilidade segundo grupos sociais
  • Variabilidade segundo princípios e valores de um território (cultura)


Para que é?

  • Melhoria da qualidade de vida da população
  • Decidir sobre o futuro do próprio território a partir de atuações presentes


Para quem é?

  • As estratégias de desenvolvimento local podem beneficiar a certos grupos e prejudicar a outros. O desenvolvimento local deve tratar de beneficiar a todos os interesses de grupos locais.


O que deveria ser?

  • Uma atuação integral, sustentável e coordenada dos atores do território, a partir de uma visão comum do futuro (modelo territorial), buscando situações ganha-ganha, e fundamentada no consenso.

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