A análise de um território é muito mais complexo que equações
matemáticas. O comportamento humano está muito além da lógica racional. A visão
territorial nos permite criar modelos mais sustentáveis de desenvolvimento e
necessita de:
- referências,
- tempo,
- vontades endógenas e exógenas,
- análises técnicas e
- muito trabalho.
Essa visão territorial não invalida a necessidade de dar uma
resposta urgente para problemas relativos ao dinamismo econômico, emprego e
renda, pobreza extrema, desastres naturais, dentre outros.
Por último, a visão territorial aposta no empoderamento da
sociedade local pela educação e democracia participativa. Deve-se fugir de
compreensões setoriais ou fragmentadas, sem uma estratégia territorial.
O que é desenvolvimento local?
O primeiro conceito tem a base econômica, marcada pelo
crescimento e geração de emprego e riqueza. Depois se amplia, para aspectos,
sociais, culturais, políticos e ambientais.
Em linhas gerais, o desenvolvimento local depende das
características (fator estático) e circunstâncias (fator dinâmico) do
território e dos interesses da sociedade local. O conceito é dinâmico, muda com
o tempo, com o espaço (geograficamente, uma pessoa do nordeste do Brasil pode
pensar diferente de uma pessoa do sul), se torna cada vez mais sistêmica.
Novos objetivos (Haughton e Counsell, 2004):
- Redução das desigualdades sociais
- Promoção da sustentabilidade ambiental
- Impulso da participação cidadã e da coordenação institucional
- Reconhecimento da diversidade cultural como desafio e recurso
Duplo enfoque:
- uma noção mais ampla da qualidade de vida, a coesão social e o bem-estar
- Manutenção do interesse pela competitividade econômica e o crescimento
Onde se produz o
desenvolvimento local?
A Geografia importa (Massey e Allen, 1984). O território é um
fator causal nos processos de desenvolvimento econômico, social, ambiental,
cultural e político.
O território é uma unidade espacial delimitada sob a
jurisdição de uma autoridade administrativa ou política e não é uma entidade
estática no espaço ou no tempo: são construções econômicas, sociais, políticas,
ambientais e culturais que mudam. São as “culturas” e princípios de um
território que definem como diferentes grupos sociais ou econômicos definem,
interpretam e articulam o desenvolvimento local.
Os indicadores podem ser quantitativos e qualitativos.
Empregos, empresas, PIB, investimentos, dentre outros são
exemplos de indicadores quantitativos.
Natureza e características do processo de desenvolvimento
(sustentabilidade do modelo de crescimento, tipo e qualidade do emprego criado,
adequação e viabilidade dos investimentos, etc..) são indicadores qualitativos,
elementos mais subjetivos que entroncam com princípios e valores específicos de
desenvolvimento local.
O desenvolvimento “de excelência” depende cada território,
mas:
- Gerador de melhorias duradouras no emprego e na qualidade de vida
- Reduz a pobreza
- Promove uma maior equidade e igualdade de oportunidades
- Respeita a liberdade das pessoas
- Protege o meio ambiente
- É sustentável
…. em consequência, implica não só boas políticas econômicas
senão também um amplo conjunto de atuações sociais.
Concluindo...
Entender o enfoque local do desenvolvimento requer entender sua
natureza:
O que é?:
- Do enfoque centrado na economia a um enfoque mais integrado
- Variabilidade no tempo, no espaço e no espaço-tempo
- Variabilidade segundo grupos sociais
- Variabilidade segundo princípios e valores de um território (cultura)
Para que é?
- Melhoria da qualidade de vida da população
- Decidir sobre o futuro do próprio território a partir de atuações presentes
Para quem é?
- As estratégias de desenvolvimento local podem beneficiar a certos grupos e prejudicar a outros. O desenvolvimento local deve tratar de beneficiar a todos os interesses de grupos locais.
O que deveria ser?
- Uma atuação integral, sustentável e coordenada dos atores do território, a partir de uma visão comum do futuro (modelo territorial), buscando situações ganha-ganha, e fundamentada no consenso.
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