Por Alexandre Alves, do Sebrae/PE
A partir do anos de 1970, o direcionamento das políticas
de desenvolvimento regional mudou significativamente. Helmsing (1999) classificou
as políticas de desenvolvimento regional em três gerações e Maillat, em 1998,
também classificou as políticas regionais em gerações, estabelecendo quatro
categorias, das quais as duas primeiras coincidem com as de Helmising.
Primeira geração de políticas de desenvolvimento - fundamenta-se na
importância dos fatores exógenos de crescimento, este modelo surge nos
anos de 1950 e 1960, dentro da ideia central de gerar redistribuição do
crescimento econômico, tendo por base o entendimento de que o crescimento econômico
não se dava de forma igual e simultânea em todas as partes do território, sendo
que a questão central era se a desigualdade aumentaria ou diminuiria ao longo
do tempo. Neste formato destacam-se os seguintes conceitos aplicados a esta
política:
1. Polo de
crescimento (François Perroux)
2. Deterioração
dos termos de intercâmbio e da industrialização como fator estratégico para
ruptura do subdesenvolvimento (Raul Prebisch e Cepal)
3. Base de
exportação (Douglas North)
4. Causação
circular acumulativa (Gunnar Myrdal)
5. Tricking down forces (Albert
Hirschman)
(Barros; Silva; Spínola, 2006)
Principais características desta política
a. Argumentavam
que fatores estruturais poderiam reproduzir e intensificar as desigualdades
regionais
b. Derivadas
das teorias neoclássicas da redistribuição ótima de recursos
c. Elaborada
dentro de uma visão otimista, consideravam que as desigualdades declinariam com
o tempo.
d. O
Governo Federal atuava como ator central, por meio de políticas de regulação e
incentivos financeiros que interferiam na localização das empresas em seus
territórios
e. Uma das
principais estratégias foi a tentativa de redução das desvantagens regionais,
por meio da implantação de infraestrutura, visando a atração de novos
empreendimentos
f. Durante
os anos 50 e 60, o capital físico e a infraestrutura eram a principal via para
o desenvolvimento.
g. Foco
principal era a redução das desigualdades regionais
Nos de 1970 e início de 1980, surgem dúvidas quanto a
efetividade dos instrumentos convencionais de política de desenvolvimento regional,
juntamente ao debate sobre sua eficiência ou falta de implantação. Inicia-se a
partir de então um processo de mudanças, motivadas inclusive pelo cenário
econômico e político internacional. Há um processo de tomada de consciência em
que se percebe que apenas o capital físico não seria suficiente na promoção do
crescimento.
Redescoberta da teoria dos distritos industriais, a
partir da noção de externalidade dinâmicas, as ideias dos economistas
considerados evolucionistas e institucionalistas, como Becattini, Pyke,
Sengenberger e Stoper, ganha relevância. Tais pensamentos haviam sido
originalmente proposto por Marshall. Esses economistas consideram a importância
dos atores locais, como protagonistas, nos processos de desenvolvimento. Nasce
a chamada Segunda Geração de políticas regionais de industrialização,
conforme classificação de Helmising(1999) que apresenta dentre outras as
seguintes características:
a. Especialização flexível
b. Distritos industriais
c. Participação dos atores locais no processo de desenvolvimento
d. Estabelece o conceito de desenvolvimento endógeno
e. Mobilização de recursos específicos e suas próprias
capacidades de inovação
f. O governo não deve atuar mais como ator central da
política
g. Enfatiza os papéis de cooperação entre as empresas, sindicatos,
associações e governo no desenvolvimento em conjunto das habilidades, dos
recursos e das regras do jogo.
No final da década de 1990 começa a surgir a Terceira
Geração de políticas regionais que segundo Helmsing 1999, ainda se encontra
em formação. Essas políticas surgem a partir do reconhecimento de que a
globalização leva à competição entre os sistemas de produção regionais e não
apenas entre as empresas isoladamente, desta forma as novas políticas não podem
ser exclusivamente locais ou regionais e sim deverão considerar o
posicionamento econômico dos sistemas regionais de produção dentro do contexto
global. Neste enfoque a coordenação horizontal entre os autores (enfatizada nas
políticas de segunda geração) deve ser complementada pela coordenação vertical
entre os níveis. A nova orientação não necessariamente requer mais recursos,
mas visa aumentar a racionalidade sistêmica no uso dos recursos e programas
existentes, a terceira geração supera a oposição entre as políticas de
desenvolvimento exógeno e endógeno (HELMSING, 1999).
Em síntese as políticas de terceira geração dão maior
ênfase no papel do ambiente institucional no processo de desenvolvimento, esta
tese parte da hipótese que o ambiente institucional é fator determinante na
capacidade de resposta dos territórios às estratégias de desenvolvimento.
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