Voltando um pouco à discussão sobre globalização, estamos
falando de um processo crescente de interconexão. Tudo está ligado com tudo.
Compromissos financeiros de um país influenciam bolsas internacionais. A
simples hipótese de default argentino, por exemplo, preocupa uma série de
atores como governos, bancos, bolsas. Pode ser definida como " a crescente
interconexão entre pessoas e lugares que causa e provoca uma crescente
convergência de processos econômicos, políticos e culturais." Outro
exemplo é a Grécia, que foi submetida a ajustes tão duros que chega pode ser
comparada a uma colônia.
Como se reparte a riqueza global? Cada território tem que
buscar suas vantagens comparativas. Estamos duplicando a população do mundo a
cada 50 anos e em algum momento será impossível ser sustentável.
Em suma, todos estamos mais interdependentes, estamos mais
próximos e somos mais parecidos, agindo
de modo cada vez mais semelhante. Essa globalização recente tem características
distinta dos processos anteriores, se assentando em tecnologia e se fincando
fortemente nas finanças. O setor financeiro se ajusta como uma luva a essa
globalização, por necessitar ser imediato, dinâmico, permanente e planetário.
A globalização não afeta só países, mas também regiões e
territórios, dado os ajustes produtivos e o dinamismo territorial que dependem
de decisões de investimento e localização de atores econômicos e fatores de
atração de cada território. Com isso, falamos de uma constante competição entre
territórios, que devem buscar competitividade, por meio de:
- inovação
- flexibilidade do sistema produtivo
- existência de instituições que potencializem os recursos
locais
- Mão de obra qualificada e de menor custo
Essa competição gera territórios ganhadores e perdedores. E a
maior parte dos territórios perde.
A concorrência afeta mais cidades e territórios do que os
estados em si. Regiões tem mais abertura comercial entre si do que entre países.
Não há impostos alfandegários ou leis que dificultem ou impeçam.
Tipos de estratégias de competitividade territorial (Chesire
and Gordon, 98, Malecki, 04, Pike et ao, 06):
- Contraproducentes - Não aportam transformação nem melhora
da estrutura econômica e desgastam o que já existe.
- Transformadoras do modelo de crescimento - dirigidas a
gerar forma de crescimento de forma mais robusta.
- De reforço de redes - Melhoras das redes que geram
sinergias de inserção de empresas externas e locais.
A segunda e terceira estratégias são complementares. O que
funciona num território não necessariamente funciona em outro.
As causas de fracasso são conhecidas e podem ser tanto
internas quanto externas. Internamente, o que mais contribui é a formação
educacional e técnica deficiente da mão de obra. Outro ponto interno é a
escassez de capital social. Estrutura institucional rígida também prejudica
muito. Do ponto de vista externo, a simples cópia de outros modelos sem levar
em conta as peculiaridades locais prejudica muito os processos de
desenvolvimento.
O fracasso das políticas top
down leva a uma maior participação e concertação social e a uma maior
valorização das vantagens comparativas dos territórios. Isso amplia o valor da
democracia.
"os direitos políticos e humanos, sobretudo os que
garantem a discussão, o debate, a crítica e o dissenso abertos são fundamentais
para os processos de decisão reflexionada". Amartya Sen.
Não obstante, o uso desses meios depende dos valores de cada
um.
Principais diferenças entre políticas tradicionais de
desenvolvimento e as novas:
As vantagens mais importantes são o empoderamento local, a incorporação
de uma visão estratégica e um processo de desenvolvimento sustentável.
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