quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Competitividade Territorial



Voltando um pouco à discussão sobre globalização, estamos falando de um processo crescente de interconexão. Tudo está ligado com tudo. Compromissos financeiros de um país influenciam bolsas internacionais. A simples hipótese de default argentino, por exemplo, preocupa uma série de atores como governos, bancos, bolsas. Pode ser definida como " a crescente interconexão entre pessoas e lugares que causa e provoca uma crescente convergência de processos econômicos, políticos e culturais." Outro exemplo é a Grécia, que foi submetida a ajustes tão duros que chega pode ser comparada a uma colônia.

Como se reparte a riqueza global? Cada território tem que buscar suas vantagens comparativas. Estamos duplicando a população do mundo a cada 50 anos e em algum momento será impossível ser sustentável.

Em suma, todos estamos mais interdependentes, estamos mais próximos e somos  mais parecidos, agindo de modo cada vez mais semelhante. Essa globalização recente tem características distinta dos processos anteriores, se assentando em tecnologia e se fincando fortemente nas finanças. O setor financeiro se ajusta como uma luva a essa globalização, por necessitar ser imediato, dinâmico, permanente e planetário.

A globalização não afeta só países, mas também regiões e territórios, dado os ajustes produtivos e o dinamismo territorial que dependem de decisões de investimento e localização de atores econômicos e fatores de atração de cada território. Com isso, falamos de uma constante competição entre territórios, que devem buscar competitividade, por meio de:

- inovação
- flexibilidade do sistema produtivo
- existência de instituições que potencializem os recursos locais
- Mão de obra qualificada e de menor custo

Essa competição gera territórios ganhadores e perdedores. E a maior parte dos territórios perde.

A concorrência afeta mais cidades e territórios do que os estados em si. Regiões tem mais abertura comercial entre si do que entre países. Não há impostos alfandegários ou leis que dificultem ou impeçam.

Tipos de estratégias de competitividade territorial (Chesire and Gordon, 98, Malecki, 04, Pike et ao, 06):

- Contraproducentes - Não aportam transformação nem melhora da estrutura econômica e desgastam o que já existe.
- Transformadoras do modelo de crescimento - dirigidas a gerar forma de crescimento de forma mais robusta.
- De reforço de redes - Melhoras das redes que geram sinergias de inserção de empresas externas e locais.



A segunda e terceira estratégias são complementares. O que funciona num território não necessariamente funciona em outro.

As causas de fracasso são conhecidas e podem ser tanto internas quanto externas. Internamente, o que mais contribui é a formação educacional e técnica deficiente da mão de obra. Outro ponto interno é a escassez de capital social. Estrutura institucional rígida também prejudica muito. Do ponto de vista externo, a simples cópia de outros modelos sem levar em conta as peculiaridades locais prejudica muito os processos de desenvolvimento.

O fracasso das políticas top down leva a uma maior participação e concertação social e a uma maior valorização das vantagens comparativas dos territórios. Isso amplia o valor da democracia.

"os direitos políticos e humanos, sobretudo os que garantem a discussão, o debate, a crítica e o dissenso abertos são fundamentais para os processos de decisão reflexionada". Amartya Sen.

Não obstante, o uso desses meios depende dos valores de cada um.

Principais diferenças entre políticas tradicionais de desenvolvimento e as novas:



As vantagens mais importantes são o empoderamento local, a incorporação de uma visão estratégica e um processo de desenvolvimento sustentável.

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