terça-feira, 10 de julho de 2012

A cultura do nanosegundo - Richard Honack


"O nanosegundo representa o chronon do cibertempo, o seu átomo temporal indivisível. A velocidade de passagem do nanosegundo torna-o essencialmente subliminar" (RAFKIN). Também pode ser conhecido como a bilionésima parte do segundo.

Tudo isso para fazer alusão à velocidade imensa com que vivemos nos dias de hoje. O professor Richard Honack abre o módulo Kellogg do STC falando sobre a "Cultura do Nanosegundo".

As culturas são diferentes em todo o mundo. A ética também. A tecnologia é, ou está,  incontrolável. Busquemos, então, controlar nossos serviços e produtos para se adequar a isso, sem esquecer que está no nosso DNA não gostar de mudanças.

Os mais idosos hoje aprendem com os mais novos, ao contrário de antes. Seus processos são do século XXI? Se sua tecnologia tem 3 anos, tem grandes chances de estar desatualizada. Qual o ambiente em que operamos? São perguntas e mais perguntas que somos instados a responder e consequentes reflexões sobre cenários e tendências ligados à tecnologia.

Nos últimos 10 anos as coisas mudaram mais rápido, do que pudemos acompanhar. As habilidades de aprender mais rápido e mudar mais rápido tem que ser cada vez maiores e melhores. Ao mesmo tempo, como bem observou o professor Sigmar Malvezzi na aula sobre paradigmas da liderança, a velocidade hoje nos obriga a ignorar grande parte das ferramentas que nós temos e aprendemos. Muita gente quer dominar o saber, mas não quer aprender, porque toma tempo. Aí surgem muitos generalistas, sem profundidade.

O fato é que, se nós não mudarmos, a concorrência muda e rouba nossos clientes, ou alguém pensava o Brasil liderando a aviação 15 anos atrás?

O que dirige a cultura do nanosegundo? A tecnologia. Wireless (5 anos atrás não havia wireless na Kellogg), smartphones universalizados, "TVphoneputers" são exemplos disso. Hoje assistimos tv, mexendo no computador e de olho no telefone e tem gente que já trabalha assim. Esses são os clientes, que não vão deixar isso pra trás. Nós é que temos que aprender a atendê-los. Um bom exemplo dessa tendência é a próxima tv da Sony, que permitirá ver 16 imagens ao mesmo tempo entre canais, internet, vídeo conferências e vídeo chamadas. Logo tudo Isso será wireless, controlado por voz, abolindo a digitação. Leitores eletrônicos e tablets são bibliotecas, arquivos, gavetas. Economia fenomenal de logística, impressões e espaços físicos.

Esse vídeo sobre a Sports Ilustrated simboliza bem essas convergências e customizações pensadas nesse novo público.



A América latina é onde há ainda muito papel. Europa e EUA tem os jornais dados de graça. Interatividade, ação, multitarefa, customização, compartilhamento. É isso que a geração mais jovem quer das coisas. E essa geração representa nada menos que 50% da população.

O que aconteceu no mundo do marketing? Papel e rádio conviveram até 1948, quando adveio a TV. Esses 3 veículos proporcionaram o marketing de mídia. Em 1998 os computadores entraram em nossas vidas (na AL em 2003). Depois disso, adveio o smartphone. Hoje a mídia está no computador e smartphone. O resto é velho.  A TV ainda sobrevive, mais pela plataforma em si, do que pela programação.

Em 2001 surgem os "dotcom". Em 2002 o email se tornou um hábito. Em 2005 surgem os smartphones (Blackberrys). Em 2006 surge o Facebook, como mídia pessoal e em 2008 o Twitter. Em 2009, as redes sociais como um todo se tornaram um fenômeno global. Em 2010 surgem os ibooks e o Ipad. Agora temos o 3D e TV inteligentes. Na medida que ficam mais barato, podem se tornar ferramentas de marketing. Como as pessoas usam as tecnologias? E-mail, buscas, notícias, redes sociais, compras.

Jovens olham as superfícies e seguem adiante. Se não se quer isso, devemos treiná-los ao entrar na empresa. Se as regras forem claras eles irão fazer. Se não, batemos de frente com a alegação de que "não me pediram isso". E isso é muito difícil pela velocidade das mudanças. A maioria dos jovens hoje não sabe a diferença entre profissional e pessoal. Devem ser treinados para isso. Não concordo com essa generalização.

Os BRIC dominam o uso da internet no mundo. A maior parte da China e EUA são wireless. A Índia está 10 anos atrás da China e 5 anos atrás do Brasil. É um país muito bem educado, mas pobre demais. A América Latina é a que mais cresce. A China tem o maior motor de busca do mundo. 420 milhões de pessoas lá usam a internet. Os EUA mandaram 2 trilhões de mensagens de texto em 2011.  Em setembro o Facebook atingirá 1 bilhão de pessoas.

Questões chave para 2012 no Brasil:

  •  7º mercado virtual mundial, com 46 milhões de usuários e crescendo.
  • Crescente migração de anunciantes para as mídias digitais. 190 bilhões de visualizações de janeiro a março de 2012.
  • O brasileiro passa em média 26,7 horas por mês na internet, 10% a mais que em 2011.
  • 36 milhões de usuários do Facebook, o triplo do ano anterior.
  • 4,7 bilhões de vídeos assistidos no Youtube, o que significa um crescimento de 74% em relação ao ano anterior.
  • Só em dexembro de 2011 foram feitas 6,9 bilhões de buscas na internet.
  • 42% da atividade digitial se dá por tablets e smartphones.


Enfim, precisamos nos adaptar a isso, uma comunicação instantânea, global, customizada e interativa. É preciso ter alguém na empresa de olho nisso tudo, vendo tendências, fazendo cenários, escutando clientes. (ver comscore.com).

Há uma enorme diferença entre "o que fizemos de errado?" e "como podemos melhorar?". Esse exemplo vem de uma abordagem do McDonalds e pode parecer não fazer tanta diferença, mas acabou gerando muitos constrangimentos para a empresa fazer a primeira pergunta, ao passo que, mudar para a segunda trouxe uma possibilidade de interação construtiva com os clientes.

O vídeo a seguir ilustra bem a revolução das mídias sociais.



Ao entrar nas definições das gerações discordo um pouco do professor Honack até mesmo por experiência própria. Talvez rotular as pessoas pela época em que nasceram seja precipitado, da forma como ele parece fazer. Me parece uma coisa meio de "gado". Tem muitos outros fatores que influenciam esses perfis, como a cultura do país, o status sócio econômico, a criação familiar, a profissão escolhida, dentre outras. Mas vamos à descrição das gerações, como destacado pelo professor, que desenvolve uma pesquisa acadêmica profunda sobre o tema.

Geração Z (nascidos entre 1998 e hoje) - aprendem desde 2 anos. Estão em média 7 horas por dia com mídia. É um mundo assustador. Muitos não são consumidores ainda, mas são influenciadores. E o preço não é o problema, pois eles não tem noção ainda. O problema é a logística de entrega, prazos. Os pais permitem cada vez mais.

Geração Y (nascidos entre 1980 e 1998) - É a maior população. Maiores consumidores e mais empreendedores. Buscam conveniência e velocidade. Temos sempre que chamar a atenção na "página 1" sob pena de perdê-los. Preferem coisas diferentes e não marcas tradicionais. É uma geração que derruba governos (exemplos dados da Líbia, Egito e Síria). Muitas vezes não compreendem as conseqüências, o que é assustador. Querem as responsabilidades, mas não as conseqüências. Não entendem orçamentos e acham sempre que alguém vai pagar. São vencedores e preferem trabalhar em equipe do que liderar (Google, Facebook, Amazon). Casam-se mais tarde, com mais de 31 anos. Não querem chefes e não gostam de receber ordens.

Abusam das mensagens com fotos e vídeos, ouvem ipods, estão nas redes sociais, jogam vídeo games, "Just do it", aproveitam a independência, mas vivem mais tempo com os pais (pais helicóptero). Não tem idéia do que são férias. Querem é ser pagos.

Geração X (nascidos entre 1964 e 1980) - É a geração confusa, que não sabe o que está fazendo no planeta. Trabalham muito, mas não conseguem tirar os boomers do topo. Ao mesmo tempo vêem os Y vindo. É uma geração estressada. É o grupo em que as mães começaram a trabalhar fora, com a unidade familiar se desfazendo, convivendo com babás. É movido por gadgets. Primeira geração que comprou os ipods, idem com os ipads. Sempre tem que ter os mais recentes. Seguem a tendência, não definindo hábitos. Isso é ótimo para o marketing.

Usam a internet para tudo, querem customizações, usam ipods/ipads, gostam de jogos de fantasia. São conectados com a família. Querem mais tempo para férias e ficar mais tempo com os filhos. Demandam home offices e sabem utilizar tecnologias.

Baby Boomers (nascidos entre 1946 e 1964) - Segunda maior geração e mais rica. Economizaram, investiram sabiamente. Não acreditam que estão ficando velhos. Acham que qualquer coisa que um jovem pode fazer ele também pode, talvez, mais devagar. Corpo não acompanha o cérebro. Geração da televisão que aprende tecnologia com a geração Y. Compraram computadores na década de 80 e diziam "não toquem" para os filhos. Hoje os filhos ajudam na montagem, configuração, softwares, dizendo "vão lá pai e mãe, divirtam-se".
Querem mais lazer, viagens, trabalho voluntário. É assim que acontece nos EUA, Europa. A Disney adora esse grupo . Diz para as crianças "tragam todo mundo".  Eles vão e acabam fazendo  que? Pagando a conta. Miram a aposentadoria. Conexões recentes com velhos amigos pelas redes sociais e Skype. Começam a usar smartphones e tablets.

Conclusão

Independente da geração, o fato é que estamos no meio de uma grande mudança na forma como a população se comunica. Não dá para relegar nada. Todos estão fazendo descobertas. Talvez daqui há algum tempo tenhamos uma sedimentação e saibamos como todos se comunicam. Hoje há caminhos muitas vezes opostos. 

E o que é preciso fazer? Pensar fora da caixa ou queimar a caixa? Re invente. Jogar fora coisas antigas é o que acontece na cultura do nanosegundo. As vezes 20% dos clientes demandam 80% do investimento .É para se perguntar "eu quero esses clientes?". Ou mesmo, o que fazer de diferente? Talvez não seja o caso de jogar fora e sim melhorar muito, fazer diferente, customizar, criar nichos. Motorola só pensava em telefones e não em serviços. Microsoft está entrando no negócio de hardware.

Os consumidores estão eliminando intermediários, fazendo por conta própria várias coisas. São muito poderosos. Não toleram mentiras, inflexibilidades e prazos longos. Apple - Seja atendido do seu jeito, consiga toda a ajuda que precisar de forma fácil e com especialistas, tanto presencialmente, como on line.

O que realmente interessa? Entender os valores e demandas do seu cliente atual, bem como do mercado (potenciais clientes). Segmentar é preciso. Cada cliente, cada empresa é diferente. O triangulo de valor - Funcionalidade, preço e psicologia (marca, preço, segurança). Pessoas gastam mais pra estar no topo da pirâmide.

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