Professor James Conley
Há muito
pouco tempo que as organizações vêm percebendo a importância a influência do
capital intelectual nos seus resultados. Os sistemas tradicionais de mensuração
não foram concebidos para lidar com a complexidade desses ativos, cujo valor é
potencial, indireto e dependente do contexto, devendo ser avaliados com cuidado.
O capital intelectual aumenta a geração, ou mesmo a configuração, de
informações classificadas como úteis e valorosas para a empresa, podendo
ampliar o aprendizado individual e coletivo.
Pressões
sobre os preços diminuem constantemente as margens para ineficiência. O ciclo
de desenvolvimento de novos produtos é cada vez mais curto. As empresas buscam
incessantemente qualidade, valor agregado, inovação, flexibilidade e agilidade,
para se diferenciar pelo que sabem e pela forma como conseguem usar esse
conhecimento. 80% do valor de mercado das 500 maiores empresas avaliadas
em 2010 pela Standard & Poors advém de ativos intangíveis. Em 1975 eram 17%.
Keynes e
Schumpeter sempre deram o tom do capitalismo. Segundo Schumpeter o capitalismo
é "tentar algo novo", destruição criativa, empreendedorismo pelas
pequenas empresas e inovação seria "a execução de novas combinações".
Lucros empreendedorísticos são margens além do valor de commodities. Por isso
deve ser incentivado o risco.
Paisagem
entulhada de capitais - qualquer fórum de discussão econômica até 85 só
discutia ativos tangíveis. Depois de 85 o capital do mundo se modifica, com
muito capital intelectual, de relacionamento, humano, de clientes, cultural, de
processo, espiritual (alma do capital, ver Deepak Chopra) e organizacional. A
prática da administração está tentando controlar esses ativos intangíveis.
Nós somos
agentes do capital humano. O capital intelectual do negócio. Como nós somos produtivos
para nossa empresa? Experiência, know how, habilidades, criatividade e memória
corporativa. Quando saímos às 5 da tarde, tudo sai conosco e nada garante que
vamos voltar no dia seguinte. O grande negócio é tornar esses conhecimentos
materiais, escritos, registrados. Se o profissional sair, fica a maior parte na
empresa.
Ativos
intelectuais - documentos, listas, ideias, rascunhos, dados, invenções,
processos, relacionamentos. Propriedade intelectual - patentes, segredos
comerciais, copyrights, marcas.
Uma pergunta
das mais difíceis. O que é estratégica? "Escolher executar atividades
diferente de como fazem os rivais, com possibilidade de preservar essa
diferença"(Porter).
Como? Por
meio da propriedade intelectual:
- Idéias funcionais e invenções - P&D (patentes)
- Expressão de idéias e inovações - copyright
- Marcas - o que motiva a compra. Identificador de fonte de origem.
- Informações confidenciais - baseado num mito, num segredo.
Nos últimos
anos avolumam-se os registros de funções, formas, expressões (histórias,
narrativas), marcas e fontes de identidade. Um parêntese se fez para falar da China,
que mudou a lei de proteção autoral, por conta da entrada na Organização Mundial
do Comércio, mas daí a mudar o comportamento, leva tempo. Japão fez em 1888.
Levou 100 anos para consolidar. A China também vai levar muito tempo.
No cerne do que
vendemos, há um benefício, que tem a ver com alguma função única, que, por sua
vez, precisa de uma história para ser divulgado. Por fora, temos que ter o
indicador de fonte.
Patentes e
direitos autorais vencem. Marcas não. Se bem trabalhada a marca, no processo de
finalização dos prazos de patentes, a fidelização ao produto pode advir da dela.
Articulação de valor.
O professor
Conley apresenta uma matriz de alavancagem de propriedade intelectual, com três
quadrantes, que retratam a transferência, a transformação e a tradução dos
ativos. Com alguns cases ele aplica a ferramenta (ver gráficos nas apresentações em anexo):
Apple - Em
onze anos evolui demais. Não tem nada de hardware da Apple em nenhum dos
aparelhos. Isso quer dizer que a empresa assume que é melhor em software do que
em hardware (Jobs assume isso). O Itunes é um grande diferencial. Mas a
dimensão estética, de design (185 patentes de design) também é muito importante.
É notável como todos os Ipods tem a mesma forma, mudando muito pouco com o
passar dos anos. O licenciamento para uso do selo "Made for Ipod" é
vendido para os fornecedores (U$ 4 por venda).
Iphone -
Software, design e marca. Patentes de utilidade, de design e de marca. Mas
também sobre os ícones, embalagens, loja, O que pode ser patenteado? Depende do país.
Jobs acha que os consumidores não sabem como expressar o que querem. Quem diria
que precisaria do Iphone quando existia um ótimo telefone como o Blackberry.
Monsanto -
em 95 o contexto era difícil, era conhecido como empresa de herbicidas,
produtos químicos pesados. O glifosato (Roundup) estava em declínio. A patente
expiraria em 2000, mas todos confiavam na marca Roundup. Sob a batuta do então
CEO, Robert Shapiro, passa a ser uma empresa de fabricação de sementes
geneticamente modificadas. A partir dessa confiança do RU, associaram à
sementes específicas (exemplo, semente de canola preparada para Roundup-Roundup
Ready Canola).
Dolby -
Empresa de Ray Dolby, um engenheiro PHD em Cambridge, especialista em
propagação de sinais., que cria o "Sistema Dolby" de redução de
ruídos. Começa em 1965 com um algoritmo para evitar ruídos. George Lucas
desenvolve o THX, concorrendo com ele a partir do filme Guerra nas Estrelas. Em
95 sua receita era de U$ 50 milhões. Em 2010 passa de U$ 1 bilhão, basicamente
só com licenças. Continua sendo uma pequena empresa, que utiliza as patentes
inteligentemente. Nunca foi duplicado. Não há venda de conteúdo. Não há
atritos. Ele ainda detém 95% da empresa.
Disney -
Transformação de 1995 até hoje, mas com reflexos nos últimos 70 anos. Registram
todas as marcas e imagens dos seus personagens dos 70 anos. Vai havendo a
transferência de valor para a marca. E isso aumentou muito com as aquisições da
Pixar e da Marvel. Com isso, a Disney passa a licenciar produtos para usar seus
personagens, como forma de diferenciar esses produtos, auditando a produção
para ter certeza da qualidade e nicho. Ela fica com parte do ganho de mercado
da empresa, a partir da utilização da imagem/marca. Na renovação custa mais
caro.
É o maior
licenciador do mundo. Conseguem adiantamentos a partir da promessa de novos
filmes e novos personagens a serem licenciados. Não precisam de banco, então.
Pra fechar,
um vídeo que resume alguns dos pontos abordados aqui.
Segue o link
para as apresentações. Clique AQUI para acessá-las. (reprodução autorizada pelo
professor).
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